As tardes deprimentes da Júlia

Por maior que fosse a minha vontade, não posso ficar eternamente no 69, e portanto este blog tem de continuar. De facto, o que se passou é que se meteram as férias da Páscoa (coisa absolutamente inesperada) pelo meio e para quem não tem Internet em casa, torna-se complicada a actualização de um blog. Estou até a ficar preocupado com a vida deste espaço nas férias de Verão...

Bom, passando ao assunto propriamente dito, gostava de informar as pessoas com vida social que ontem estreou na TVI um programa para as pessoas sem vida social. Chama-se "As Tardes da Júlia" e como devem ter percebido pelo nome, infelizmente é apresentado por Júlia Pinheiro. A TVI classifica-o como um talk show. Erro crasso, se é apresentado por Júlia Pinheiro, só poderia ser classificado como um scream show. Tive o privilégio de assistir ao programa, que vai para o ar às 14:00h, e considero que até é um belo programa, que tem como único senão o facto de existir, à semelhança da sua apresentadora. Antes do seu início, no Jornal da Tarde, a TVI teve a ideia infeliz de fazer um directo ao estúdio onde se encontrava a Júlia Pinheiro a revestir os microfones com isolante acústico, e foram falar com ela, para saberem como estava ela a sentir-se, momentos antes da estreia do seu programa. Estas foram as suas palavras: "já tenho qualquer coisa a carburar aqui em baixo, e não tarda dou um salto." Confesso que ainda não percebi o significado desta afirmação, mas lá que tem piada, tem. Mas parece-me um pouco desajustado que Júlia Pinheiro se ponha a falar de javardices momentos antes de voltar à televisão.

O programa é uma continuação do Você na TV, só que tiram o Goucha e a Cristina, e metem a Júlia. De resto, é a mesmíssima coisa, a deprimência continua intacta. Os temas são os mesmos, tem o mesmo tipo de passatempos, ou seja, é um programa da manhã que passa á tarde, como o Contacto, por exemplo. É um formato extremamente batido, mas que por alguma razão as estações televisivas teimam em manter. Talvez o facto de as velhas de Portugal paparem este tipo de detritos ajude. Pior que tudo, é aquele tipo pseudo-humorista que volta e meia aparece no programa com piadas que não o são, e que mantém uma conversa com o apresentador, sendo que este reage sempre com espanto e incompreensão, como se não estivesse à espera daquele momento, para que no fim o palhaço saia de cena de uma forma tão estúpida como a que entrou, e o programa retome a normalidade. Isto sim, tira-me do sério.

Mas o importante é que com este programa, Júlia Pinheiro readquire o estatuto de figura mais deprimente da televisão nacional, perdido para Nuno Graciano quando este nos apresentou o passatempo mais irritante de sempre, o Dominó.